16 de mar. de 2010

2ª. descolagens

Colagens:
Ultimamente pensei bastante nas possibilidades contidas nas "colagens". Pensando na questão das livres associações, das imagens que as coisas criam na cabeça e sobre a leveza que se pode conseguir descolando os fatos da realidade.
Pensei que as colagens podem ser uma espécie de síntese dessas questões: tratam-se de recortes associados, recortes que nada tem a ver até que por algum motivo alguém confronta eles. São recortes da realidade descontextualizados, que fora do papel primeiro eles ganham um outro significado.

Alberto de Pedro e Ana Himes:
Os dois são artistas espanhóis, os dois se dedicam à fotografia e às colagens, e o pouco que conheci deles foi por pura coincidência. O lance de Alberto de Pedro é o suporte: a cidade, as colagens são feitas na rua; outdoors, mas que surgem a partir de recortes. Acho interessante pensar que ele atua sobre a realidade através de recortes que dela mesma, resultando em outros significados que a deslocam do seu lugar.


Gostei das coisas Ana Himes por sua delicadeza. A idéia das livres associações permitem um jogo de criação sem preconceitos executados com uma limpeza incrível. O resultado são coisas do universo das maravilhas.


Roberto Bolaño:
Só para quebrar a linearidade do post. Transcrevo um parágrafo de um conto de Roberto Bolaño, um chileno. Do livro "Llamadas telefónicas", o conto "Clara":

"[...]
De lo que sí me río es de su noche de bodas. El día antes lo habian operado de hemorroides, así que no fue muy lucida, supongo. O tal vez sí. Nunca le pregunté si pudo hacer el amor con su marido. Creo que lo hicieron antes de la operación. En fin, no importa, todos estos detalles me retratan más a mí que a ella.
[...]"
Roberto Bolaño

Pensei que é isso mesmo, a forma de se auto-retratar é mais direta quando você fala das outras coisas, do que quando você fala de você mesmo.


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